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Um Passeio de Kayak na Ria Formosa, Algarve

Sophie Law do Sunday Independent visitou o Algarve e decidiu explorar a Ria Formosa num passeio de caiaque connosco. Mais tarde, ela escreveu a sua experiência connosco.

Ria Formosa: Descubra os visitantes exóticos que chegam de avião

As aves e os aviões são elementos importantes da Ria Formosa. Sophie Lam entra na água para explorar esta lagoa extraordinária

Com o remo a apontar para cima como uma seta para o céu azul, Anna gritou: “Olha! uma andorinha-do-mar pequena, mesmo por cima do …” Os meus olhos desviaram-se da direcção do remo e voltaram para o rosto dela – a sua boca movia-se, como um mímico, e as palavras eram abafadas por um rugido ensurdecedor vindo do local para onde ela apontava. Foi um momento Wayne’s World. Mas não estávamos reclinados no capot de um carro a meditar sobre “Baberaham Lincoln”; estávamos a flutuar numa enseada atlântica em caiaques, com um jacto da Ryanair a aterrar no aeroporto de Faro, poucos metros acima de nós.

Estávamos a navegar pela Ria Formosa, uma paisagem de lagoas de maré que se estende como uma gola de croché sob a costa oriental do Algarve, ao longo de 60 km da capital, Faro, para leste, em direcção à Andaluzia. Protegido como um parque natural, o “rio bonito” está rodeado pelo Atlântico por cinco ilhas-barreira e duas penínsulas, todas elas extensões de areia clara com dunas, relva alta e ervas aromáticas. Apesar da sua proximidade com o aeroporto, onde os voos parecem descolar e aterrar quase tão frequentemente como os pássaros na lagoa, o parque é um paraíso para a vida selvagem.

Anna, uma microbiologista que estuda na Universidade de Faro, passa o seu tempo livre a levar turistas a passear na Ria Formosa em caiaques com o operador turístico local Formosamar.

Milhares de aves migratórias chegam aqui ao longo do ano, a caminho ou vindas de África, incluindo flamingos grandes que passeiam nos sapais entre Agosto e Março. A paisagem das marés é também extraordinariamente biodiversa, os seus habitats são uma manta de retalhos de pântanos, dunas, lagoas salobras, planícies de maré e ilhéus que albergam todo o tipo de flora e fauna. Na sua forma mais idiossincrática, isto inclui os cães de água portugueses, a raça com patas palmadas que o Presidente Obama escolheu para a sua família quando se mudaram para a Casa Branca.

Debaixo de água espreitam robalos, sargos, cavalos-marinhos, caranguejos e amêijoas. A cultura do marisco é um grande negócio e a única concessão à construção é um punhado de armazéns nas ilhas periféricas. E tudo isto a menos de 30 km do néon e do betão de Albufeira.

Enquanto remávamos da pequena marina de Faro, por baixo de uma linha de caminho-de-ferro, para um porto, a maré alta brilhava à luz do sol e os barcos de pesca entravam e saíam do nosso alcance. O robalo saltava e voltava a cair na água quando os nossos remos se debruçavam sobre o seu terreno de reprodução.

A sair da água, havia bancos de suculentas semelhantes a samphire, cobertas com flores vermelhas e amarelas. “São bonitas, não são? Mas, na verdade, impedem que as plantas sequem quando a maré baixa as expõe ao sol quente”, explicou Anna. À medida que navegávamos pelos canais entre eles, hastes de um amarelo vivo emergiam dos bancos de areia como dedaleiras douradas, uma planta parasita conhecida como vassoura-de-borrego, encontrada apenas nesta parte da Península Ibérica.

Quando os nossos (ou melhor, os meus) braços se cansaram, trocámos os remos por um motor e entrámos num pequeno barco de pesca. A maré estava a começar a recuar quando nos aproximámos da Ilha de Faro – na verdade, uma península que delimita a lagoa a oeste. A Anna lançou a âncora ao largo da costa e remámos pelas águas límpidas até à praia. Algumas pequenas casas ladeiam a faixa de areia que se estende em direcção ao continente como um corno dourado. Quando chegámos ao cimo, o Atlântico apareceu do outro lado, a cerca de 20 metros da costa.

Na extremidade da península, um casal que até então não tinha sido incomodado aproveitava o sol e a solidão. Este não era certamente o Algarve dos clichés. Até onde a vista alcança, não há campos de golfe, nem torres de apartamentos, nem sequer um cheiro de fritura. Só o aeroporto serviu para me lembrar que este é o destino turístico mais popular de Portugal, tendo recebido 2,8 milhões de visitantes no ano passado.

Como se tivesse sido puxado um tampão, a água estava a descer. Voltámos a subir para o barco para regressar à marina. Era desorientador, a lagoa subitamente reduzida a uma rede de canais que se entrelaçavam entre campos de vegetação verde-garrafa. A Anna virou o leme para que eu pudesse ver os caranguejos a subir os bancos de lama. Acima de nós, garças, colhereiros, gaivotas e um par de cegonhas começaram a enxamear, à medida que as forças gravitacionais revelavam a extensão do seu jantar. Quando voltámos à marina, uma cegonha estava a apanhar o brilho do início da noite do seu enorme ninho no cimo de um candeeiro de rua.

A capital do Algarve tem um ar marcadamente português, uma cidade de edifícios de pequena escala, bonitas praças, ruas pedonais empedradas e igrejas pintadas de cores vivas. E mesmo para lá de Faro, por detrás do tampão da Ria Formosa, esta parte do Algarve ficou relativamente incólume ao tornado turístico da arquitectura brutalista dos anos 1960. Uma viagem de 10 km para o interior, passando por campos de flores silvestres e silos agrícolas, levou-me a um palácio neo-rococó cor-de-rosa na pequena cidade de Estoi. Actualmente gerida como uma pousada (um pequeno hotel tradicional), a casa de sonho do século XVIII situa-se numa colina baixa, rodeada por laranjeiras, jardins de inspiração francesa e pássaros a esvoaçar. Era o local perfeito para apreciar a tranquilidade do sotavento algarvio enquanto o sol poente tornava a Ria Formosa dourada.

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